sexta-feira, 7 de maio de 2010

dados sobre o Professor Brilhante no Correio do Povo 31 de março 2001

http://www.correiodopovo.com.br/jornal/ftarde/N70/html%5Ccapa.htm
As pessoas que circulavam nas proximidades da Vigário José Ignácio do início da década de 60 e meados da de 80 provavelmente lembram de um homem que exercia seu ofício sob os arcos da Igreja do Rosário. Baixo, com barba e cabelos escassos e brancos, sempre com uma boina colocada displicentemente sobre a cabeça. Francisco Brilhante tinha uma função diferente da que as floristas que ali estão hoje: retratava as pessoas que por ali passavam. Para lembrar o talento do precursor dos pintores de rua de Porto Alegre, a Associação dos Artistas Plásticos Expositores da Feira de Sábado no Brique da Redenção vai prestar sua homenagem àquele que acrescentou mais poesia à memória da cidade, no centenário de seu nascimento, comemorado em 2 de abril próximo.
A entidade foi criada em fevereiro de 2001, com o objetivo de congregar os artistas que trabalham na feira da avenida José Bonifácio, que funciona todos os sábados, das 9h às 16h. Fazer a relação entre estes profissionais e a comunidade, promover eventos para divulgá-los e arrumar novos mercados também são as metas da associação, que possui dez expositores de artes visuais, de um universo total de 200, que mostram diferentes produtos naquele local. Sua sede está localizada na avenida Cristóvão Colombo, 2006/301 e atende pelo telefone (51) 222-7589.

Neste ano, a associação pretende organizar uma retrospectiva com a obra de seu patrono, tentando resgatar seus quadros, contando com o apoio das pessoas que detêm seus trabalhos. Na próxima segunda-feira, será rezada uma missa, às 18h, na Igreja Nossa Senhora do Rosário, com a presença de familiares e artistas de rua.

Filho de portugueses, Brilhante se formou na Escola de Belas Artes da Universidade Federal, em 1920, em Porto Alegre, sua cidade natal. Seguiu para o Rio de Janeiro para completar seus estudos, na Escola de Belas Artes, custeando seus estudos e sustento através das pinturas que fazia nos jardins da Quinta da Boa Vista. Falecido em 1987, deixou um legado estimado em mais de 40 mil quadros, espalhados pelo país. Entre as inúmeras personalidades que retratou, constam nomes como Pinheiro Machado, Washington Luís, Borges de Medeiros, Getúlio Vargas, Ildo Meneghetti, Monteiro Lobato, Erico Verissimo, Mario Quintana, Pedro Weing'rtner e Athos Damasceno Ferreira.

Nas escadarias da Igreja do Rosário permaneceu durante 25 anos, utilizando, além da calçada, as dependências da casa paroquial, onde mantinha um ateliê para ministrar aulas. Os retratos que pintava na rua eram feitos, muitas vezes, com ausência de modelo, baseando-se apenas em uma pequena foto 3x4. Com estilo considerado 'parisiense', realizou incontáveis exposições na Capital e no Interior.

Para a presidente da Associação Francisco Brilhante, Miriam Palazzo, o artista representa 'uma imagem poética de Porto Alegre, meio perdida no tempo'. Na sua opinião, o Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs) deveria ter no seu acervo obras do precursor dos pintores de rua de Porto Alegre


Brilhante, a nostalgia de um traço

Francisco Brilhante nasceu no dia 2 de abril de 1901 e aos 12 anos já manifestava seu gosto pela pintura, quando desenhava para dois jornais humorísticos da época, o Bem-Te-Vi e o Sova. Na Escola de Belas Artes foi aluno dos mestres Libindo Ferrás e Francis Pelichek. Depois de formado, foi para a capital carioca, onde permaneceu por quatro anos, para aperfeiçoar os estudos.
De volta a Porto Alegre, começou seu trabalho junto a parques e praças, fixando-se finalmente na Igreja do Rosário. Aos 33 anos casou-se com Edelmira Posada, estabelecendo-se no bairro São Geraldo, com os filhos Domingos e Ivaniza. Viveu por mais de 30 anos numa modesta casa, na rua Pernambuco: 'a pintura não me deu dinheiro, vivo com muito pouco, mas em compensação, trabalhar da forma como escolhi me ensinou a viver e a conhecer os homens', costumava dizer. Apesar de popular, manifestou sua mágoa, várias vezes, por não ter o apoio das autoridades gaúchas responsáveis pela cultura.

Em 14 de julho de 1987 morreu em decorrência de problemas broncopulmonares e de infecção renal. Suas telas foram parar na Argentina e na Itália e um documentário de sua vida, nos Estados Unidos. Integrante da paisagem portoalegrense, empresta seu nome ao espaço localizado em frente ao McDonald's da Rua da Praia. A área é conhecida como Passeio Professor Brilhante.

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